o verde na primeira pessoa do plural
sei bem
quando te preparas
para estacionar uma conversa
começas por
abrandar nas palavras
exaltadas
manobras encostos
na riqueza dos vocábulos
estacionas teus gerúndios compostos
de experiência e desejo
e desligas-te com a tonicidade
de uma conclusão grave
nalgumas vezes
logo após manobras um tanto ou quanto
agudas
noutras delas
só depois de teres estipulado a velocidade ilimitada
entre a travagem dos sinónimos
e a derrapagem num contínuo
palavrão
parte segunda
um advérbio de modos amarelos
o trânsito na tua mesa
faz-se sempre por dentre
palavras-compotas
e geleias esdruxulamente açucaradas
enquanto o teu ângulo de visão
vai acelerando muito
para lá de todos os frascos
e utensílios da viagem dos gostos
é o infinito vazio que focas
num raciocínio congestionado de ideias francas
que eu procuro iluminar
depois
quando me embates numa diminutiva travagem de olhos
e de novo me fazes mecanizado peão na passadeira da tua língua
sei muito bem
que já te vais preparando
para estacionar esta conversa
e eu fico-me num advérbio
de modo circulando em ésses cedilhados
por dentre sinais miluminosos e signos octogonazais
e pelos significados proibidos e significantes assinalados
que me ardem examinar.
parte última
vermelhas exclamações
se me conduzires para lá da fumaça
mal carburada deste cigarro
( via rápida para o prontuário das manobras perigosas )
eu pontuarei sempre tuas curvas
com diários pontos de exclamação
stop
Pedro deCampos (18.7.2003) in "PisaDuras & ArDores"
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