quinta-feira, 22 de junho de 2017

LIBERDADES

Como eu lhe tinha dado uns poemas meus a ler no nosso décimo ano, uma miúda magrinha e de cabelo preto escorrido (uma boa amiga de turma) ofereceu-me, no ano seguinte, sete versos escritos a lápis num papel amarrotado.

Que os tinha encontrado no chão. Poema sem data, autoria, título ou o que quer que fosse, para além daqueles sete curtos versos:

          PENSA
          QUE A REVOLUÇÃO
          PROVOCA

          O POVO
          É UM OVO
          QUE A LIBERDADE
          CHOCA


Memorizei-o até hoje.

Vinte e sete anos depois, dois ou três após ter queimado o caderno para onde me lembro de os ter copiado, continuo sem saber do poeta, nunca mais vi a minha amiga de cabelos pretos escorridos e desconheço o paradeiro do poema amarrotado.

Não sinto grande vontade em procurar qualquer deles, mas diverte-me imaginar que o poeta era a miúda magrinha, afinal.


Pedro deCampos (17.11.2016) in "ApontaMentes"


Tróia, Setúbal (20??) Bruno Ramos









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